terça-feira, 19 de outubro de 2010

Desabafo.

Em momentos como agora em que o sono pesa de tal forma que seu corpo já passado do nível critico de stress não lhe permite apenas adormecer.
Não é a chamada insônia. Pois esse estado de torpor nada tem a ver com a ausência de sono. Não! O sono existe, o corpo pesa, os olhos doem, a cabeça também, ainda assim você não dorme.

Você obrigou seu corpo a funcionar apesar de todos os alertas que ele lhe enviou. Tinha deveres a cumprir... E agora quando finalmente você quer descansar ele ainda não está pronto para desacelerar.
Mesmo que em retardo sua mente funciona, e uma vez começada ela não para mais: segue ladeira abaixo ganhando força e ganhando massa até achar algo forte o suficiente que a faça parar . Ou talvez como os círculos concêntricos sobre a superfície lisa e plana de um lago sereno. Onde toda a energia tem que ser consumida antes da superfície se aquietar novamente.

No estado presente que me encontro me pego pensando nos desígnios acadêmicos. Em todas as possibilidades latentes do fazer arte e do pensar arte. Sinto falta disso, em um pensar egoísta de Arte para o meu prazer estético...
Dentro de uma escola (não desmerecendo o papel de educador) é um pouco mais difícil pensar e criar.
As necessidades são outras, você deve atender a demanda do seu aluno e plantar a sementinha do desejo (que no momento me consome) naqueles que virão a ser o futuro. E o retorno é surpreendente... Mas não disso que venho tratar hoje.
Ainda mantenho o meu momento egoísta...
Penso, penso, penso e sigo pensando o que fazer para aplacar essa sede que me consome. Essa fome de algo que não sei o que é? Talvez um bom texto, talvez contextualizar uma obra de arte?
Até mesmo La Fontaine me parece sedutora essa hora da noite, simplesmente pelo prazer de pensar e criar conceito.



Nunca fui dada a Duchamp. Reconheço seu valor mas suas obras nunca me atraíram tanto. Mas até ele me parece sedutor o suficiente pra agitar o meu torpor.
Para fazer pensar o circuito outrora dos salões de pinturas e das artes conceituais. O minimalismo também chegaria para cobrar o seu tributo, com sua temática de mínimo esforço e máximo de resultado... Chegando ate Ad Reinhardt que sufocou a já ferida de morte pintura.
Ai que saudade das minhas aulas de analise das artes contemporâneas.!
Gerz então seria o delírio máximo para uma mente cansada (depois de um dia de trabalho e um horário não natural chamado de verão para o aproveitamento de luz natural) mas ainda assim estimulada a ponto de ainda apreciar a sutileza da temática do invisível, do evanescente, do ausente.



Espero que finalmente consumido do desejo de pensar a Arte ( não totalmente) as ondas percam sua força o corpo desacelere e finalmente o descanso chegue nos braços de Sandman até o próximo dia aonde o processo de plantio novamente irá começar e preparar as jovens mentes para o prazer estético e para pensar